Palhaço Juninho da Folia de Reis |
Para você entender melhor o ocorrido, segue abaixo uma carta de indignação elaborada pelos foliões e seu mestre. Nós do Blog somos totalmente solidários com essa manifestação maravilhosa de cultura popular brasileira.
Rio de
Janeiro, 01 de novembro de 2013
Prezada
Regina Casé
Espero que
você leia esta carta e a compartilhe com sua produção. Não estamos
reivindicando reparos e nem indenização pecuniária, mas esperamos que a
experiência negativa vivida por nós , ajude a evitar o mesmo constrangimento a
outros grupos populares como nós. O Fato: A Folia de Reis Penitentes do Santa
Marta foi convidada, através de seu padrinho Adair Rocha, que respondeu a um
convite da sua produção – feita pelo Emilio Domingos – para participar de uma
gravação do programa ”Esquenta”. Apesar da missão da nossa Folia Reis não ser a
de fazer apresentações televisivas avaliamos que, também, é nosso compromisso
dar maior visibilidade a esta manifestação popular, da qual nos orgulhamos muito,
que sobrevive em área urbana com muito sacrifício. Também avaliamos que o seu
programa, ao menos aquilo que vemos editado na televisão, é um espaço de
respeito e acolhimento da diversidade cultural brasileira. Por isso aceitamos o
convite e buscamos junto aos foliões construir estratégias para conseguir estar
um dia fora do trabalho (uma quarta – feira). Uns conseguiram atestado médico;
outros negociaram com o patrão e, outros, correram o risco de serem mandados
embora: faltaram ao trabalho na marra. Para aparecer bonito no seu programa,
trocamos o couro de vários tambores que estavam furados. Nos cotizamos para
pagar o dia do sanfoneiro, que precisa dessa diária. Apesar de todo esse
sacrifício, estávamos felizes. Chegamos ao local da gravação, nos deram almoço
e nos puseram sentados no palco para assistir a gravação de seu programa. Foram
nove horas de espera e expectativa. Permanecemos no mesmo lugar, desde o
início. A única referência a Folia de Reis do Santa Marta foi um agradecimento
seu, lido automaticamente no final da gravação, sem mesmo saber onde estávamos
sentados. Voltamos para casa, cansados, indignados, decepcionados. Em mais de
50 anos de existência, nunca tínhamos nos sentido tão humilhados. E
contraditoriamente, em um programa pelo qual temos grande admiração. Para o
grupo da Folia de Reis do Santa Marta foi uma lição. Certamente não deixaremos
que isso se repita em nossa história. Mas nos sentimos na obrigação de
explicitar nosso desencanto e com isso buscar sensibilizar você e a sua produção
para que, no futuro, tenham mais cuidado quando mobilizarem grupos populares
que tem compromisso de vida com o que fazem e sobrevivem com muito sacrifício
para manter viva a diversidade cultural brasileira.
Juntamente
com os Foliões do Santa Marta
José
Henrique Silva – Mestre Riquinho