quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O "cara" dos blocos de rua


O principal representante dos blocos de rua do Rio chama-se Bruno Marfim e tem 23 anos. Mestre Marfim, como é conhecido, divide seu tempo e sua paixão e se dedica de corpo e alma aos principais blocos de rua da cidade. Mestre do A Rocha, famoso bloco que desfila na Gávea, na terça-feira de carnaval, é por lá que ele desempenha a função de coordenar os músicos que tocam na bateriam e colocam o povo para pular. Entre um ensaio e outro do A Rocha, Marfim também é diretor de bateria de blocos que fazem parte da história carnavalesca do Rio, como o Carmelitas, que se apresenta em Santa Teresa, e do Suvaco de Cristo, que arrasta multidões no Jardim Botânico. No bloco Desculpa Para Beber, no Humaitá, Marfim acompanha o batuque da bateria como diretor.
Tanto amor pelo samba começou no berço, na comunidade Santa Marta, em Botafogo, onde nasceu. Filho de passista (Babá) e de ritmista de escola de samba (Mestre Folia), o jovem lembra com carinho dos tempos em que acompanhava os pais pelos melhores sambas do Rio.
— Desde pequeno eu tenho ligação com samba, não tive como escapar. Mas minha primeira apresentação com responsabilidade foi aos 11 anos. Daí em diante eu nunca mais deixei o carnaval e o carnaval nunca me deixou — contou Marfim, durante entrevista na quadra da Escola de Samba São Clemente, no Centro do Rio, onde também participa da bateria, tocando repique.
Bem humorado e sempre com sorriso no rosto, Marfim conta que a partir do início do mês de dezembro sua vida vira uma loucura, já que tem que conciliar dezenas de ensaios por semana.
— Em dezembro tudo começa a ficar corrido. Mas piora muito em janeiro, quando tem dias que durmo duas horas por noite. Saio de um bloco para o outro e ensaio muito. Mas sempre com alegria. É a minha grande paixão — disse o jovem, que além de mestre do carnaval carioca trabalha como auxiliar administrativo em uma universidade particular.
— Meu sonho é viver do samba, mas por enquanto não é possível. Enquanto isso, acumulo horas extras durante o ano e tiro umas folgas no carnaval. Isso ajuda a aguentar o ritmo.
E para conseguir manter o pique necessários nos meses que seguem, quem dá a receita é a mãe de Marfim, Babá:
— O jeito é fazer vitaminas para ele tomar de manhã, como abacate com leite, pois sustenta. Mas eu sempre peço que ele tome um açaí na rua durante o dia e beba muita água. Se não, não dá para aguentar.
Foi o que aconteceu há alguns anos. Cansado da maratona dos blocos de rua, Marfim precisou substituir um mestre-sala em uma apresentação, e na hora do desfile, desmaiou.
— Foi um susto. Depois disso passei a me cuidar mais. Não uso drogas, não bebo álcool, só muita água. Também faço musculação e meu objetivo é alcançar os 85kg até o carnaval. Mas acho difícil, pois perco muito peso nesta época —disse Marfim, que mede 1,85 metros e pesa 74 quilos.

Fonte: O Globo

0 comentários:

Postar um comentário

 
-